12 de abril de 2012

Desafio Literário 2012 - As Boas Mulheres da China

Olá meus queridos amigos e amigas, hoje é dia de Desafio Literário by Vivi - que todos os meses vem com um tema diferente. Acho bem interessante essa proposta pois nós saímos da zona de conforto, não ficamos apenas na leitura de livros cujo tema apreciamos. Lemos livros com temas variados e esse mês a leitura é de um(a) escritor(a) oriental. O livro escolhido é As Boas Mulheres da China, de Xinran.
É um livro tocante, com histórias tocantes, que nós mulheres do Ocidente nem sequer sonhamos que exista ou um dia existiu. São histórias, envolventes, trágicas, emocionantes e altamente recomendável.


Tema: Escritor(a) Oriental
Mês: Abril
Título: As Boas Mulheres da China
Autor do livro: Xinran
Editora: Companhia das Letras
Nº de páginas: 281

Quando vi a capa do livro, o que mais chamou a minha atenção foi...
A capa em si não me chamou a atenção e sim o seu conteúdo...

O livro é sobre...
Relato de uma jornalista sobre a vida das mulheres que vivem na China.

Eu escolhi esse livro porque...
Já queria ler há bastante tempo por causa do título. Mal sabia o que esperava as histórias contadas no livro.
A leitura foi...
Surpreendente, diria até assustadora algumas vezes, pelo conteúdo exposto.
O personagem que eu gostaria de conhecer é Jingyi. Por quê? Essa mulher ficou quarenta e cinco anos esperando por seu amado. Ninguém tem noção do que é ficar tanto tempo esperando por alguém. Pois é, ela ficou. E de certa forma ainda continua esperando, porque depois desses anos todos, ela descobriu que ele já tinha outra família...

O trecho do livro que merece destaque:
"É incontável o número de gerações na China que repetem o ditado segundo o qual 'existem trinta e seis virtudes, mas não ter herdeiros é um mal que nega todas elas'. A mulher que teve um filho coloca-se acima de qualquer censura". – pág. 86
“Entre 1966 e 1976, os negros anos da Revolução Cultural, havia pouco no corte ou na cor que distinguisse a roupa das mulheres da dos homens. Os objetos para uso especificamente feminino eram raros. Maquiagem, roupas bonitas e jóias só existiam em livros proibidos. Mas, por mais revolucionários que os chineses fossem na época, nem todos conseguiam resistir à natureza. Uma pessoa podia ser ‘revolucionária’ em todos os sentidos, mas bastava sucumbir a desejos sexuais ‘capitalistas’, e era arrastado para o palco para ser combatido ou colocado no banco dos réus. Algumas pessoas, desesperadas, davam cabo da própria vida. Outras colocavam-se como exemplos de moralidade, mas aproveitavam-se dos homens e mulheres que estavam sendo reformados, fazendo da submissão sexual deles ‘um teste de lealdade’. A maioria das pessoas daquela época enfrentou um ambiente de esterilidade sexual, sobretudo as mulheres. No auge da vida, os maridos eram encarcerados ou enviados para escolas de reeducação por períodos de até vinte anos, enquanto as esposas levavam uma existência de viúvas de marido vivo.
Na avaliação que se faz agora dos danos causados à sociedade chinesa pela Revolução Cultural, deve-se incluir o dano aos instintos sexuais naturais. Os chineses dizem que ‘em toda família há um livro que é melhor não ler em voz alta’. São inúmeras as famílias que não confrontaram o que lhes aconteceu durante a Revolução Cultural. As lágrimas colaram as folhas desses capítulos do livro e não se pode abri-las. As gerações futuras ou as pessoas de fora só enxergarão um título borrado. Ao verem a alegria de parentes ou amigos que se reencontraram depois de anos de separação, poucos ousam se perguntar como foi que essas pessoas lidaram com seus desejos e sofrimento durante aqueles anos.
De modo geral foram as crianças, sobretudo as meninas, que arcaram com as conseqüências do desejo sexual frustrado. A menina que cresceu durante a Revolução Cultural viu-se cercada de ignorância, loucura e perversão. As escolas e as famílias eram incapazes e proibidas de lhes dar a mais elementar educação sexual. Muitas mães e professoras também eram ignorantes nesse assunto. Quando o corpo amadurecia, a menina se tornava vítima de ataques indecentes ou estupro – meninas como Hongxeu, cuja única experiência de prazer sensual veio de uma mosca; Hua’er, violentada pela Revolução; a mulher na secretária eletrônica, dada em casamento pelo Partido; ou Shilin, que jamais saberá que cresceu. Os perpetradores foram seus professores, amigos, até seus pais e irmãos, que perderam o controle dos instintos animais e agiram da maneira mais feia e egoísta de que um homem pode agir. As esperanças das meninas foram destruídas, e sua capacidade de sentir o prazer de fazer amor foi danificada para sempre. Se pudéssemos ter acesso aos pesadelos delas, passaríamos dez ou vinte anos ouvindo o mesmo tipo de história.” – pág. 235-236      

Nota: 4 – Gostei bastante


Sobre a autora: Xinran é jornalista, radialista e escritora chinesa. Nasceu em Pequim em 1958 e trabalhou em Nanquim até 1997 quando se mudou para Londres com o filho.
É autora do livro “O que os Chineses não Comem” e “As Boas Mulheres da China”, em que através das histórias das várias mulheres que entrevistou ao longo de sua carreira, traça um panorama da condição feminina da China revolucionária, suas conseqüências e da China atual.
Xinran tem tudo para se solidificar no universo literário mundial como uma das mais sensíveis e competentes escritoras do século XXI. Seus livros falam de mulheres, de lutas e de dores universais, e por isso tocam tão fundo no coração de seus leitores, fiéis e sedentos pela continuação de sua obra.

Próximo livro para o DL 2012: O Deus das Pequenas Coisas

2 comentários:

  1. Que leitura enriquecedora! Eu quero ler. :)

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  2. Concordo com você, Vivi. Sem dizer que é altamente recomendável para aqueles que não conhecem a verdade sobre a China.

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